21 de janeiro de 2013

Estruturalismo

BREVE INTRODUÇÃO

O estruturalismo é uma corrente de pensamentos que entende a língua como um sistema a ser analisado por suas ligações com os demais elementos, como numa estrutura. O termo “estruturalismo” tem origem no Cours de linguistique générale [Curso de Linguística Geral] de Ferdinand de Saussure (1916), onde ele propôs um estudo em que a língua é considerada um sistema composto por elementos que se relacionam entre si, seja em concordância ou em discordância. O nome veio do fato de essa relação organizar-se como numa estrutura.
Basicamente, o estruturalismo busca desvendar a origem da significância cultural contida em determinada linguagem, explorando seu processo de formação e evolução. Essa “significância” tem mais a ver com o que levou ao surgimento de determinada produção linguística do que com o objetivo de quem a produziu.
Quando decidimos aplicar a análise estruturalista no estudo da língua aceitamos que podem ser empregadas quatro linhas de raciocínio:
• Fonologia (estudo das unidades sonoras);
• Morfologia (estudo da forma das palavras);
• Semântica (estudo dos significados);
• Sintaxe (estudo dos elementos componentes da oração).

Relembrando... – Linguística é:
• Ciência da linguagem e ciência das línguas;
• Faculdade humana;
• Linguística ocidental – nasce na filosofia grega (termos gregos são adotados diretamente ou na sua tradução latina).


TRAÇADO HISTÓRICO DA LINGUÍSTICA

• 1ª fase (pré-socráticos até o fim da idade média): interesse pela língua, filosófico: a língua é objeto de especulação e não de observação. Categorias linguísticas (nome, verbo, gênero gramatical) repousam sobre bases lógicas ou filosóficas.
2ª fase (séc. XIX): descoberta do sânscrito. Relação de parentesco entre as línguas: linguística comparada, histórica: “genética das línguas” (estudo da evolução das línguas, com ênfase na forma).
3ª fase (séc. XX): Linguística Moderna (Saussure), toma como objeto a realidade intrínseca da língua visando constituir uma ciência (formal, rigorosa e sistemática).


ESTRUTURALISMO – CONCEITUAÇÕES GERAIS

Foi no século XX, com o Estruturalismo, que a linguística moderna alcançou o seu ponto mais elevado. Esse momento tem sua origem com a publicação do Cours de Lingüistique Générale (1916), do linguístico suíço Ferdinand de Saussure, em que é considerado o marco inicial da linguística moderna.
Esta “corrente de pensamento” fundamenta-se na afirmação de Saussure de que “a língua não é um conglomerado de elementos heterogêneos; é um sistema articulado, onde tudo está ligado, onde tudo é solidário e onde cada elemento tira seu valor de sua posição estrutural” (Saussure, citado em Leroy (1971:109)
Para fundamentar suas afirmações, Saussure estabeleceu uma série de definições e distinções sobre a natureza na linguagem, que se podem resumir nos seguintes pontos, Leroy (1971):
1. A diferenciação entre langue (língua), é a parte social da linguagem, externa ao indivíduo, que não pode nem criá-la nem modificá-la, e a parole (fala), é o momento individual, no sentido da realidade psicofisiológico do ato linguístico particular.

2. A consideração do signo linguístico. Saussure (1969:18) afirma que “a língua é conhecida como um sistema de Signos”. Que faz a ligação entre o significante (imagem acústica) e um significado (conceito), cuja relação arbitrária se define em termos paradigmáticos (imagens de outros elementos na memória) ou sintagmáticos (todos elementos da língua se relacionam com outro, formando cadeias de enunciados).

3. A distinção entre o estudo sincrônico da língua, ou seja, a descrição do estado estrutural da língua em um dado momento, e o estudo diacrônico, descrição da evolução histórica da língua, que leva em conta os diferentes estágios sincrônicos.
Saussure considerou prioritário os estudos sincrônicos, que permite revelar a estrutura essencial da linguagem: "A língua é um sistema em que todas as partes podem e devem ser consideradas em sua solidariedade sincrônica" (Saussure, p.102). Surge então a linguística sincrônica que constitui os alicerces do estruturalismo.
Os linguistas encontraram nas ideias renovadoras de Saussure o ponto de partida para desenvolver novos métodos e teorias. Foi o caso da chamada Escola de Praga, Escola de Genebra e a Escola de Copenhague
Os linguistas escandinavos Viggo Brøndal e Louis Hjelmslev, criadores da teoria da linguagem conhecida como glossemática, foram os principais representantes do Círculo Linguístico de Copenhague, fundado em 1931, e que também se inspirou nos conceitos de língua, discurso, sincronia e estrutura de Saussure. Coube a Hjelmslev criar uma das mais conhecidas e precisas definições da linguística estrutural (Leroy, 1971:114):
"conjunto de pesquisas baseadas na hipótese de que é cientificamente legítimo descrever uma língua como, essencialmente, uma unidade autônoma de dependências internas ou, numa só palavra, uma estrutura".
Os linguistas escandinavos Viggo Brøndal e Louis Hjelmslev, criadores da teoria da linguagem conhecida como glossemática, foram os principais representantes do Círculo Linguístico de Copenhague, fundado em 1931, e que também se inspirou nos conceitos de língua, discurso, sincronia e estrutura de Saussure. Coube a Hjelmslev criar uma das mais conhecidas e precisas definições da linguística estrutural (Leroy, 1971:114):
"conjunto de pesquisas baseadas na hipótese de que é cientificamente legítimo descrever uma língua como, essencialmente, uma unidade autônoma de dependências internas ou, numa só palavra, uma estrutura".

Sabendo que o ESTRUTURALISMO é uma corrente de pensamentos que entende a Língua como sendo um sistema a ser analisado por suas ligações com os demais elementos, como numa estrutura, estudemos algumas de suas dicotomias:

ESTRUTURALISMO – LÍNGUA E FALA

Para Saussure, a língua é um sistema de valores que se opõem uns aos outros e que está depositado como produto social na mente de cada falante de uma comunidade, possui homogeneidade e por isto é o objeto da linguística propriamente dita.
Diferente da fala, que é um ato individual e está sujeito a fatores externos.

SINCRONIA E DIACRONIA

Saussure enfatizou uma visão sincrônica, um estudo descritivo da linguística em contraste à visão diacrônica do estudo da linguística histórica, estudo da mudança dos signos no eixo das sucessões históricas, a forma como o estudo das línguas era tradicionalmente realizado no século XIX.
• Sincronia: estudo do sistema em simultaneidade.
• Diacronia: estudo do sistema ao longo do tempo.

• Sincronia:
Estudo do sistema em simultaneidade. É a pesquisa descritiva, foca no interior da língua, em um tempo x, no intuito de descobrir como a língua funciona.
 
É sincrônico tudo o que:
• Designa um estado de língua
• É momentâneo
• É estático
• Constitui um conjunto fechado e homogêneo de regularidades

• Diacronia:
Estudo do sistema ao longo do tempo. É a pesquisa histórica que investiga como a língua evolui e se modifica externamente no tempo. Analisa, por exemplo, como Senhorinha virou Senhorita.
É diacrônico tudo o que:
• Designa uma fase de evolução
• Tem duração no tempo
• É dinâmico

PROPOSIÇÕES

Ferdinand de Saussure – Suíça/Genebra
(Curso de Lingüística Geral – 1916)

A língua é um sistema estrutural onde seus componentes só adquirem valor por meio da oposição de um com o outro.
Devem-se analisar apenas as possibilidades de produção de linguagem verbal de um determinado sistema, excluindo do estudo as condições de produção, as intenções individuais e os meios materiais existentes na situação.
No Cours de Linguistique Générale [Curso de Linguística Geral] Saussure propôs um estudo onde a língua é considerada um sistema composto por elementos que se relacionam entre si, seja em concordância ou em discordância. O nome veio do fato de essa relação organizar-se como numa estrutura.
Basicamente, busca desvendar a origem da significância cultural contida em determinada linguagem, explorando seu processo de formação e evolução.
Essa “significância” tem mais a ver com o que levou ao surgimento de determinada produção linguística do que com o objetivo de quem a produziu.

No Dicionário Aurélio é possível encontrar as seguintes definições de ESTRUTURALISMO:
1. Nas ciências humanas, designação genérica das diversas correntes que se baseiam no conceito teórico de estrutura, e no pressuposto metodológico de que a análise das estruturas é mais importante do que a descrição ou interpretação dos fenômenos, em termos funcionais.
2. Posição inovadora dos estudos linguísticos da primeira metade do século XX, que consideravam a língua como um sistema estruturado por relações formais e não evidentes para a consciência do falante, e que, metodologicamente, preconizavam a observação do maior número de fatos, de modo a fundamentar proposições que, pela generalização rigorosa, viabilizassem a descoberta da estrutura.
3. Método de análise e interpretação dos fenômenos sociais que, partindo do pressuposto de que estes têm uma natureza simbólica e comunicacional, procura entendê-los como estruturados em sistemas de relações lógicas, formais, que vigoram num nível inconsciente nos diversos aspectos da vida coletiva (do parentesco aos mitos, e mesmo à psicologia individual), de tal modo que, pela elaboração de modelos conceituais abstratos, e operando permutações entre seus elementos, se possa alcançar um grau crescente de generalização do conhecimento sobre as sociedades humanas.
4. No pensamento econômico latino-americano, doutrina que enfatiza a importância de características estruturais de uma economia (como o regime de propriedade de terras, nível de industrialização, etc., por oposição a características consideradas conjunturais) na explicação de fenômenos como, p. ex., a tendência à inflação nos países dessa região.


ORIGENS





 PERTINÊNCIA

Considera-se o que é relevante apenas a uma determinada língua.
Ex.: Língua portuguesa: Roberto
Língua espanhola: Jamón / Ramón

Ex.: Língua Latina: populos: gente / árvore
Língua portuguesa: manga: fruta / parte de roupa

* Par Mínimo


SEMIÓTICA

• Significante: Componente mediador entre a coisa em si e sua representação psíquica (Nome, Palavra);
• Significado: Representação psíquica de algo real em forma linguística (imagem mental, etc.);
• Unidos por um ato de Significação;
• Exemplo: a palavra boi.


SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO



Saussure chamou esse conjunto teórico de “Unidade de Representação” e de “Imagem fonética”.
O conceito de cadeira e a concepção fonética das suas letras não têm conexão alguma. Esta relação se estabelece unicamente por acordo ou convênio coletivo.

A concepção mentalística:

• Significado e Significante são entidades mentais, independente de qualquer objeto externo;
• A imagem (ou o som) de uma palavra não é algo material, mas apenas uma impressão psicológica (modelo mental) que tem sentido para nós.



O CÓDIGO

• A reconstrução do sentido pressupunha um sistema de interpretação que não poderia ser
universal nem prévio (x individualização) e nem poderia ser totalmente aberto (x arbitrariedade de interpretações);
• Deve-se estudar o Código, o conjunto de regras que permitem a emissão e deciframento das mensagens;
• Os códigos são as diferentes linguagens;
• São universais (universal x particular e NÃO inato x aprendido).


NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DO CÓDIGO

• Empírico (vivenciado): A organização aparece nas interconexões das ocorrências do mundo fenomenal, nas formas que se oferecem na consciência.

• Teórico (construído): A organização se manifesta no processo de dotação de forma e sentido (nível profundo e inconsciente)


A PROBLEMÁTICA ESTRUTURALISTA

• Organismo: globalizante e sistemático.
• Tarefa compreensiva e interpretativa de decifrar o organismo enquanto mensagem;
• Ressaltar as diferenças.
• O Estruturalismo representou um conjunto de soluções mais rigoroso em termos metodológicos para se determinar o que era verdadeiro e o que era falso nas “totalidades simbólicas”.


VANTAGENS NO MOVIMENTO ESTRUTURALISTA

• Investigação Imanente: objetivação das “totalidades simbólicas”:
• Neutralização do Sujeito: desprende das conexões subjetivas (intenções comunicativas) e das que interpretam (intenções compreensivas);


• “Positivismo das ciências humanas” x Noções de Sentido, Significado e Sistema Simbólico: o diferencia das ciências naturais.
• Positivista no sentido de Encontrar uma Positividade, um empírico para tomar como referência.
• Qual será a positividade desta visão de ciência humana? O código.


O ESTRUTURALISMO NO BRASIL

LINGUÍSTICA COMO DISCIPLINA AUTÔNOMA

• Descrição da língua portuguesa do Brasil;
• Descrição das influências indígenas, africanas e europeias;
• Análise das variedades não padrão;
• Representações confiáveis dos sistemas fonológicos e morfológicos.


FORMAS ATUAIS DA TEORIA DOS SIGNOS

Semiologia:
A Semiologia surgiu das ciências linguísticas. É a ciência geral dos signos, que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas de signos, i. e., sistemas de significação.

Semiótica:
A Semiótica surgiu do pragmatismo americano. Prega que a verdade de uma doutrina consiste no fato de que ela seja útil e propicie alguma espécie de êxito ou satisfação.



Referências Bibliográficas

AMARAL, Emília et.al. Novas Palavras, Literatura, Gramática, Redação e Leitura. 2° Grau. Editora FTD. São Paulo. 1997.
BENTES, Anna Christina e Mussalim, Fernanda (org.). Introdução À Linguística, Domínios E Fronteiras. 6ª edição. Editora Cortez. São Paulo. 2006.
CARONE, Flávia de Barros. Morfossintaxe. 9ª edição. Editora Parma. São Paulo. 2004.
CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática Reflexiva. Texto, Semântica E Interação. Editora Atual. São Paulo. 2005.
FARACO e MOURA. Gramática. Editora Ática. São Paulo. 1998.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Positivo Informática: 2004
FERREIRA, Mauro. Aprender E Praticar Gramática. 2° Grau. Editora FTD. São Paulo. 1992.
JÚNIOR, Joaquim Mattoso Câmara. Estrutura Da Língua Portuguesa. 37ª edição. Editora Vozes. Rio de Janeiro, 2005.
KOCH, Ingedore Villaça. Linguística Aplicada Ao Português: Morfologia. 15ª edição. Editora Cortez. São Paulo. 2005.
MACAMBIRA, José Rebouças. Português Estrutural. 4ª edição. Editora Pioneira. São Paulo. 1998.
PASCHOALIN, Maria Aparecida; SPADOTO, Neuza Terezinha. Gramática, Teoria e Exercícios. Editora FDT. São Paulo. 1996.
ROSA, Maria Carlota. Introdução À Morfologia. Editora Contexto. São Paulo. 2005.

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1 comentário:

  1. Material excelente e de fácil entendimento, parabéns e obrigada por compartilhar.

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